Com a ausência de debates em que os presidenciáveis pudessem expor e confrontar com mais clareza suas posições, porque o candidato Jair Bolsonaro (PSL) fugiu deste confronto, a população perdeu a oportunidade de observar diferenças fundamentais num tema que é prioritário: privatizações.
Segundo Bolsonaro, em seu programa de governo disponível para acesso no site do TSE, “a linha mestra do processo de privatizações terá como norte o aumento na competição entre empresas. Afinal, com mais empresas concorrendo no mercado a situação do consumidor melhora e ele passa a ter acesso a mais opções, de melhor qualidade e a um preço mais barato.” Seu plano indica que o Banco Nacional do Desenvolvimento Social (BNDES) deve retornar à centralidade em um processo de desestatização mais “ágil e robusto”, atuando como um “Banco de Investimentos” da União, garantindo que o governo consiga o máximo de valor pelos ativos públicos.
A fórmula de privatização de Bolsonaro é a velha, utilizada na década de 1980 no Reino Unido, pela Margaret Thatcher, em que companhias fossem repassadas à iniciativa privada utilizando-se da “golden share”, “ou ação de ouro”, terminologia utilizada no mercado acionário que consiste na criação de ações que serão retidas pelo poder público no momento em que se desfaz do controle acionário de sociedades onde detinha participação.
Segundo Bolsonaro em um primeiro momento, serão privatizadas as quase 50 estatais. Seu assessor econômico, Paulo Guedes, entretanto, é bem mais taxativo, chegando a se posicionar a favor da privatização ampla, geral e irrestrita. Segundo Paulo Guedes “a privatização da Eletrobrás será mantida e seu processo será acelerado pelo governo Bolsonaro”.
Como se percebe, Bolsonaro não tem nada de novo na política. Na verdade, ele só vai ampliar um processo privatista já acelerado pelo governo golpista de Michel Temer. Não há nenhuma intenção de manter as empresas e as riquezas naturais em favor da própria população brasileira.