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1º de maio: mostras de disposição de luta X decadência e controle da burocracia

O Ato de 1º de maio (Dia Internacional do Trabalhador) deste ano, no Brasil, foi marcado por um recomeço de politização das massas. Em diversas regiões do País os manifestantes questionavam a ausência de um verdadeiro cronograma de lutas por parte das direções sindicais para que no 1º de maio fossem denunciados os problemas das categorias e a necessidade de passeatas contra o governo e contra o golpe nos direitos dos trabalhadores. Tratou-se, portanto, e mesmo que parcialmente, de um momento de reflexão dentro do golpe de Estado.

Por parte da população explorada há um clima de revolta com um sentimento de ódio diante da situação política. Mas, ao mesmo tempo, há o medo da perseguição e da repressão que vem se intensificando. Por outro lado, ficou nítido que tanto as direções dos diversos grupos do PT quanto os da esquerda em geral estão visivelmente perdidos, sem saber o que fazer.

Tensão, comoção, medo, insatisfação e ódio foram os sentimentos que marcaram as atividades, nacionalmente. Esse é mais um sintoma de que o Brasil é um barril de pólvora prestes a explodir.


Ato de Curitiba


Diante da ofensiva da direita contra a classe operária, com a retirada de direitos e aumento da repressão, as sete maiores centrais sindicais brasileiras – Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), União Geral dos Trabalhadores (UGT), Força Sindical, Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Intersindical e Nova Central – convocaram um ato unificado em Curitiba, no Paraná. 

No entanto, essa tentativa de unificação da esquerda brasileira em torno das reivindicações dos trabalhadores, “Em defesa dos direitos e por Lula Livre”, foi boicotada pelas próprias burocracias sindicais. O que fica claro pelas manobras é que houve um acordo para não ter o ato massivo de 1º de maio em Curitiba. Em todas as grandes cidades a quantidade de ônibus disponibilizados à viagem à Curitiba foi muito inferior à demanda, isso apesar de não ter sido feita uma ampla campanha para levar ativistas. A ala majoritária do PT, a Articulação, “hegemonizou” a “organização” das caravanas, proibindo que fosse levado um número grande de militantes – os que foram à Curitiba foram escolhidos a dedo, tendo prioridade nas vagas nos ônibus.

As mesmas Centrais que planejaram o Ato de Curitiba priorizaram a realização de atos separados em São Paulo e noutras capitais. 

 Mesmo com toda essa manobra e desorientação das direções sindicais, o Ato de Curitiba superou as expectativas dos organizadores e teve boa participação popular. Segundo a CUT (Central Única dos Trabalhadores), 40 mil pessoas estiveram presentes em Curitiba. O Ato contou com a presença de diversos parlamentares, dirigentes dos movimentos sindicais e sociais de todo o País, além de políticos, membros de movimentos e da imprensa internacional.

Pior ainda foi o comportamento da CSP- Conlutas, que se negou a participar do Ato em Curitiba. Isso ocorre porque a parte majoritária da Central, dirigida pelo PSTU, defende uma posição direitista, negando a existência de um golpe de Estado no País e apoia, explicitamente, a prisão do ex-presidente Lula, fazendo coro com a Lava-Jato e com o imperialismo.


Atos mundiais


É fato que em todo o mundo a investida da direita tem feito a esquerda “acordar” do sono neoliberal e começar a esboçar uma reação, ainda que lenta e tardia, na tentativa de se unificar aqui e ali em torno a uma pauta mínima para lutar contra os retrocessos aos direitos trabalhistas e contra os golpes. 

Em geral, os atos do 1º de Maio foram marcados por fortes protestos e denúncias contra os ataques aos direitos da classe trabalhadora mundial. Na capital da Argentina, por exemplo, ocorreram protestos principalmente contra o novo pacote de aumento de tarifas de gás, transporte e energia do governo de Maurício Macri. As organizações sindicais e sociais aproveitaram para mostrar seu repúdio à política promovida por aquele governo de destruição dos direitos.

A CGT (Confederação Geral do Trabalho), maior Central Sindical argentina, também realizou um Ato político que reuniu milhares de trabalhadores. A ex-presidenta Dilma Rousseff participou da atividade e denunciou a prisão política de Lula, um preso político a mando dos EUA.  A Central já havia lançado nota oficial, no início de abril, repudiando a prisão do petista.

Na capital da Turquia, Istambul, houve confronto da polícia com os manifestantes que tentavam entrar pacificamente na Praça Taksim. A Polícia reprimiu o protesto duramente e dezenas de pessoas foram presas. O governo chegou a proibir manifestações naquele local, impedindo a população de ocupar novamente a praça que foi palco de gigantescas manifestações, em 2013.

Na França, o 1º de maio também foi marcado pela repressão policial. A população trabalhadora aproveitou o momento e criticou duramente o presidente Emmanuel Macron e sua política de tentar aprovar, à força, a Reforma Trabalhista e previdenciária. Assim como em todo o mundo, os trabalhadores franceses sofrem com os ataques aos seus direitos.

Na Rússia os atos foram os maiores e mais politizados dos últimos anos.

Na Alemanha, milhares foram às ruas denunciar a opressão daquele governo aos direitos da classe trabalhadora. Mas pode-se ver a presença de militantes fascistas, comprovando-se o crescimento da ultradireita na Europa, o que coloca a necessidade de um rigoroso combate. 


Organizar a luta


A disposição de luta da classe operária é notória. Os trabalhadores foram às ruas em todo o mundo para denunciar o imperialismo, a redução dos direitos trabalhistas e a necessidade de defendê-los. No Brasil, o Ato foi boicotado de todas as formas pela imprensa burguesa, que tentou mudar o foco das manifestações para o incêndio que ocorreu em um prédio ocupado, no centro de São Paulo.

Os atos do 1º de maio apontam para a necessidade de organização de uma verdadeira frente única, com um programa mínimo que agrupe toda a esquerda para lutar contra os retrocessos e ataques do imperialismo. Não há outra saída para a classe trabalhadora senão a luta contra a exploração do grande capital. É preciso canalizar esse espírito de revolta e insatisfação popular para um movimento sério, que impulsione a ação das massas.   

Os trabalhadores e suas organizações devem ampliar a discussão de um programa mínimo para que chegue ao debate principal, que é a organização de um Partido Operário Revolucionário. Ao passo que a crise capitalista avança, o imperialismo é obrigado a impor uma exploração ainda maior sobre a classe trabalhadora; essa é a única forma de salvaguardar os lucros dos grandes monopólios. A situação do Brasil não é diferente do restante do mundo e os trabalhadores precisam debater sobre a necessidade de dar um basta à ditadura da burguesia, cada vez mais implacável, e colocar na ordem do dia uma luta real pela tomada do poder político e pelo fim do capitalismo.


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