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Privatização: Correios anunciam o fechamento de 513 agências e demissão de 5,3 mil trabalhadores

No último dia 5 de maio, o jornal burguês O Estado de São Paulo publicou uma matéria afirmando que a direção dos Correios decidiu que nos próximos meses irá fechar 513 agências próprias e demitir cerca de 5.300 trabalhadores. Tal decisão foi aprovada em uma reunião sigilosa da diretoria, realizada em fevereiro deste ano. Segundo o jornal, os presentes tiveram que assinar um termo de confidencialidade, se comprometendo a não divulgar os encaminhamentos da reunião. 

Esse número, na realidade, pode ser ainda maior, já que no relatório apresentado na tal reunião secreta, a Consultoria Accenture “diagnosticou”, “na Etapa 6 - Modelo Operacional de Canais de Atendimento, sobreposição de agências para atuação no mercado, recomendando assim o fechamento de 775 agências próprias de Correios no ano de 2018, as quais estão localizadas numa distância média de 1,4 km entre unidades de atendimento próprias ou terceirizadas ou em mercado de baixo potencial” (grifo nosso).

O que está sendo apresentado pela direção da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) é o desmonte da maior estatal brasileira em número de funcionários e a entrega desse patrimônio do povo brasileiro nas mãos dos monopólios privados. Não por acaso, a matéria do Estadão denunciou que serão fechadas as agências mais lucrativas e próximas às franqueadas: "na lista há agências com alto faturamento. Em Minas Gerais, das 20 mais rentáveis, 14 deixarão de funcionar. Os clientes serão atendidos por agências franqueadas que funcionam nas proximidades das que serão fechadas. Em São Paulo, serão fechadas 167 agências - 90 na capital e 77 no interior (...). O assunto foi tratado como extrapauta na reunião da diretoria sem o anexo da relação das agências. A desconfiança é de que a medida foi tomada para beneficiar os franqueados”.  

Como fica claro, a decisão política da direção dos Correios de fechar agências próprias e demitir trabalhadores atendentes concursados tem o intuito de favorecer o setor privado de agências franqueadas, levando a Empresa para a sua privatização total. Tal medida foi duramente criticada pelo Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de Minas Gerais (Sintect/MG).

De acordo com o presidente do sindicato, Robson Silva, esse ataque faz parte de uma investida do governo, que está num processo franco de sucateamento e venda da estatal. “temos denunciado amplamente essa situação em jornais do Sindicato, redes sociais e todo o tipo de veículos de informações. Denunciamos por diversas vezes, através de programas em TV e, inclusive, em audiências públicas na ALMG (Assembleia legislativa de Minas Gerais) e no próprio Congresso Nacional essa política de desmonte e favorecimento das ACF’s (Agências de Correios Franqueadas). Uma destruição proposital do patrimônio público dando lugar para a iniciativa privada ocupar o espaço criado com o dinheiro do povo brasileiro. Um verdadeiro crime!”.


Um golpe atrás do outro


Ainda segundo o Sintect/MG, essa é uma ação que já vem sendo orquestrada pelo governo golpista: “Quem não se lembra daquela planilha de corte de gastos na ECT, que vazou e girou o país? A direção da ECT na época (Giovane Queiroz/PDT) foi obrigada a soltar várias notas em seus informativos oficiais para tentar desfazer o vazamento da informação. Todos tiveram acesso às planilhas que realmente pertenciam a Empresa. Nessas planilhas estavam a extinção do cargo de OTT, a contratação de MOT (Mão de Obra Temporária) para substituir funcionários concursados, implantação do DDA, imposição de mensalidades no plano de saúde para viabilizar sua destruição e, agora, o fechamento de agências com demissões de milhares de trabalhadores”.

Desta vez, o ataque é mais direcionado. Não se trata apenas da destruição de um direito ou de um benefício, como fizeram com o plano de saúde ou com as férias. Agora, o anúncio é o da demissão de milhares de pessoas. Ou seja, trata-se do desfecho de uma série de medidas que foram sendo adotadas como uma espécie de “quebra-cabeças”, que vão desde o sucateamento da Empresa nos setores de trabalho (falta de papel higiênico, goteiras, falta de manutenção etc.), passando pela falta de funcionários (o último concurso público foi realizado em 2011), incêndios “misteriosos”, até chegar ao resultado final que é a privatização da estatal e, consequentemente, a demissão em massa dos trabalhadores, a quebra do sigilo postal, a entrega dos dados e informações dos brasileiros para os grandes monopólios e o fim da soberania nacional.


Organizar a luta para barrar a privatização e o golpe de Estado


Não há dúvidas que a medida anunciada pela direção dos Correios tem o objetivo de favorecer o setor privado. Não por acaso, um matéria publicada pelo site Carta Capital, mostrou que no ano de 2017, até o mês de junho, as franqueadas “aumentaram seu faturamento em quase R$ 100 milhões, acréscimo de 7,78% em relação a 2016”. Já o Dieese afirmou que os “franqueados aumentaram sua remuneração em 34%, o que sinaliza a transferência de grandes contratos comerciais para a rede franqueada”.

Chama a atenção que a ECT, uma empresa pública, não disponibilize informações sobre os contratos firmados com as franqueadas – algo que é de interesse social.

O imperialismo mandou um recado para as suas “colônias”: é preciso acabar com os Correios, Petrobrás, bancos públicos, setor elétrico etc., e colocar todas essas empresas a serviço do grande capital, para que estes possam ampliar seus lucros, que estão em queda livre. A classe operária, por sua vez, deve responder à altura. O ataque é de conjunto e no atacado, assim também deve ser a reação das massas. A unidade na luta para o enfrentamento direto com os algozes é o que está colocado.


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