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O que Paulo Guedes quer para a economia?

Paulo Guedes, guru econômico de Bolsonaro e apontado como um posterior “superministro” do candidato, que terá amplos poderes de voz e de ação, é um ultra neoliberal convicto. Com 69 anos e com doutorado na Universidade de Chicago, berço do neoliberalismo, este será o homem com a tarefa de acabar com a soberania nacional brasileira, entregar as empresas estatais e riquezas naturais e massacrar a classe trabalhadora para aumentar os lucros da burguesia.

Em plano externo, as perspectivas de Guedes é aprofundar a ligação do País com os centros imperialistas. Para a economia nacional, em plano interno, suas duas principais perspectivas são: ampliar a gama de privatizações das empresas nacionais e aprofundar as medidas de retirada de direito dos trabalhadores, através da aplicação imediata da Reforma da Previdência.

No primeiro caso, as bases já estão lançadas. O governo golpista de Michel Temer já iniciou um processo para acabar com as estatais como, por exemplo, a venda da maior parte da rica fonte de petróleo do pré-sal; a desmoralização da Petrobras; a entrega de parte da malha rodoviária brasileira; a tentativa de privatização da Eletrobras e da Casa da Moeda.

A expectativa de Paulo Guedes é aprofundar ainda mais esta política, estendendo-a até mesmo às áreas que, teoricamente, são de prestação de serviços. Ele compactua com Jair Bolsonaro, que em plena campanha eleitoral deu uma entrevista ao canal de televisão Globo News falando que “os Correios” deve ser extinto.

A perspectiva de Guedes também é privatista para a saúde e educação. No primeiro caso, o plano de governo que ele mesmo escreveu afirma que se gasta muito com a saúde no Brasil e se produz pouco. Qualquer pessoa que frequenta o Sistema Único de Saúde (SUS) e outros locais da saúde pública brasileira, percebe claramente o oposto: os resultados são surpreendentes tendo em vista a falta de pessoal, material e infraestrutura para um melhor atendimento, decorrentes da falta de investimentos na área. Cabe ressaltar que tal problema será acentuado com a Emenda Constitucional (EC) 55, que congelou o teto dos gastos públicos por pelo menos 20 anos.

Em junção com tal afirmação mentirosa, o ministro de Bolsonaro também quer acabar com a exclusividade de servidores que atendem à saúde brasileira e com o programa Mais Médicos, diminuindo ainda mais o quadro de funcionários nesta área.

Para a educação, como investidor nesta área que é, principalmente no setor privado da educação à distância, Paulo Guedes quer aumentar as parcerias público-privadas, que ocorreriam em benefício próprio. Em seu fundo de investimentos, BR Investimentos, incorporado pela Bozano em 2013, há oito empresas de educação. O projeto de governo de Bolsonaro afirma com todas as letras que abrirá as portas para o capital privado em todos os níveis de formação. Guedes será apenas mais um dos empresários beneficiados pela proposta.

A imprensa burguesa já faz sua parte, na tentativa de convencer a opinião pública da “necessidade” das privatizações. Em matéria divulgada no dia 29 de outubro, o site Globo noticiou a seguinte manchete: “Estatais geraram déficit de R$ 13,6 bilhões para a União em 2017”. Não há explicações de como se chegou a esse número, tampouco a distinção entre o que é prestação de serviços do Estado para a sociedade e o que deveriam ser empresas que geram lucros. Não se fala que com a venda do pré-sal, por exemplo, a Petrobras deixou de arrecadar grande parte da sua capacidade. Não se explica, em momento nenhum, que ao privatizar estatais, o lucro dado pelas empresas não será mais social, mas individual. Não se elucida que as estatais estão sendo bombardeadas há muito tempo, sem investimentos sérios e sem contratação de pessoal, numa nítida campanha de precarizar e desmoralizar, com o fim privatista.

 

Reformas econômicas contra os trabalhadores serão ampliadas

 

Além do fim das estatais, Paulo Guedes tem urgência em aplicar uma Reforma Previdenciária. Segundo ele, a proposta é um novo regime previdenciário, que funcionará por meio de capitalização. Em entrevista ao G1, o próximo ministro da economia afirmou: “temos que controlar os gastos públicos, e o déficit está galopante... Eu digo, aprovem a Reforma da Previdência. Nós vamos criar uma nova Previdência com regime de capitalização, mas tem uma previdência antiga que está aí e é preciso consertar e corrigir os problemas da atual. Nossa previdência é um avião com cinco bombas a bordo, a explodir a qualquer momento”.

Hoje, a previdência funciona com um sistema de caixa em comum, onde os aposentados recebem do que é arrecadado pelos impostos, sendo o Estado responsável por pagar a diferença entre arrecadação e despesas – compõe um dos tripés da Seguridade Social. Em regime de capitalização, o próprio trabalhador é quem deverá fazer uma poupança individual.

Isso irá aumentar o foço de desigualdade existente no Brasil até à aposentadoria. Fora que em momentos de crise, o trabalhador dificilmente poderá dispor de parte de seu dinheiro para a previdência, sem contar os desempregados. Assim como no caso das privatizações, Guedes contará com o apoio da imprensa burguesa. O mesmo site da Rede Globo lançou a seguinte manchete, no dia 30 de outubro, “Como escolher um plano de previdência?”. A tentativa agora será convencer o trabalhador que a previdência privada é um bom caminho, naturalizando a injustiça social que é não taxar grandes fortunas, perdoar a dívida de grandes empresas privadas com a União, como já ocorrido com Itaú, Bradesco e Oi.

Cabe ressaltar que em momento algum, Paulo Guedes fala em reforçar a produção industrial nacional, que já vai em um processo de desindustrialização há quase três décadas. Não há intenção alguma de fazer a produção industrial no Brasil e, com isso, mudar a situação subalterna do País na divisão internacional do trabalho. A ideia de Guedes é fazer o Brasil continuar sendo palco para a especulação financeira internacional, exportar produtos primários e importar tecnologia e produtos industrializados.

 

Mercado financeiro faz a festa

 

Com tal perspectiva, o mercado financeiro internacional, que atua através de um viés imperialista, vem enxergando grandes possibilidades de continuar explorando o Brasil. A média do dólar vem fechando seguidamente em queda, enquanto a Bovespa vem tendo seguidas altas.

Segundo a imprensa burguesa, isso vem ocorrendo pelas promessas reformistas de Bolsonaro. Cabe ressaltar que as reformas que retiram direitos da classe trabalhadora são convertidas automaticamente em lucro para o bolso dos donos do dinheiro. Com as reformas já produzidas pelo governo Temer, o banco Itaú teve, no terceiro trimestre de 2018, o 3º maior lucro de bancos na história do Brasil. Pegando a taxa histórica, dos dez maiores lucros já gerados, nove são do Itaú e sete ocorreram após o anúncio da Reforma da Previdência, segundo a agência Economática.

Paulo Guedes irá manter a economia brasileira como campo fértil para a exploração imperialista, tanto através da retirada de direitos, quanto das privatizações. Cabe à classe trabalhadora se organizar, com urgência, para resistir, manter e ampliar suas conquistas.

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